Dezembro de 2005 fui conduzida pelo lado escuro da vida.Desemprego, depressão ,síndrome do pânico,e um esforço titânico para sobreviver ao caos.
Ano passado eu pedi a Deus que todos os conflitos e dores queimassem junto com os fogos no céu ou morressem afogados em sete ondinhas.
Lembro ter invejado aquela esperança por trás dos abraços e desejado pertencer aquele ritual,comer lentilhas ,pisar com pé direito no chão, admirar a festa.Nada funcionou.
Tem gente que morre de vergonha de confessar fracassos e passa mais 365 dias fingindo que tudo esta bem.Gente que não pede ajuda, gente cheia de uma solidão interna que não cessa,gente desistindo e com medo de ser feliz, gente escondendo a verdade que carrega em si ou correndo em busca de sabe-se lá o que.
2006 foi um ano de extremos.Maravilha e horror.Mais um ano de metades, e acho que essa coisa de metade e extremidade me cansou..Se" pra tudo tem um limite" , ele chegou.
Caramba !Eu não sei porque, mas estou sentindo que 2007 vai ser finalmente um ano bom.Mais do que merecido, porque não lembro de um ano realmente tão bom ha muito tempo.E principalmente não lembro de ter tido tanta vontade pra fazer isso acontecer ( motivos nunca faltaram ).Afinal, não é o ano que muda a gente , e sim , a gente que muda o ano não é mesmo?? !
Não adianta fazer uma lista de planos ( a maioria se perde pelo caminho) , mas traçar metas não faz mal a ninguém e é isso que estou fazendo agora.Uma promessa.
Finais de ano jamais combinam com tristeza e desanimo.Repetir os mesmos erros é se permitir ser infeliz varias vezes. E meus caros, fui infeliz o suficiente.
Em 2007 eu quero o principio de tudo ( saúde) , não ser feliz de mentirinha, manter distancia de fraquezas em nome do que custa caro, ter a alma repleta de emoções sinceras ( como sempre ) e a consciência constante sobre quem sou e o que mereço dessa vida.
Sempre é tempo de ser feliz.Mas acho que chegou o tempo de ser feliz como nunca !
Não gosto de Natais.Acho que todo ano repito a mesma frase tentando me convencer do contrario, mas ainda não foi dessa vez.
A hipocrisia, o vazio, as buscas, e tudo que detecto nesta data, me incomoda profunda e tristemente !
Porque abraços calorosos em volta de uma arvore e palavras doces enquanto piscam lindas luzes, se o resto do ano a gente é egoísta e so importa o brilho proprio?
Porque reunião em torno de uma mesa farta ( com sacrifício ), se nos falta o delicioso exercício de amar ( que é gratuito ) ??
O Natal era pra ser o exemplo de sentimentos bons que se ramificaram em outros 364 dias . Natal era pra ser a reuniao da familia que se apóia e se admira em qualquer data e circunstancia.O Natal era pra ser uma homenagem a um Jesus que a gente busca a cada segundo das nossas vidas- na plantinha que germina , na mão estendida, na falta de pão, na angustia da despedida, no sorriso da chegada, nas incertezas do caminho, e sobretudo na alegria, que ao contrario do que muitos pensam, é apenas começo de uma longa jornada.
Sempre me culpei por não sentir o " Feliz Natal "com a grandeza que ele deveria ter.Sempre sonhei sentir essa data num contentamento como o que vejo estampado nos sorrisos dos comercias da Sadia e que me fazem chorar emocionada,justamente por saber que a vida real não é tão bela assim( mas poderia ser ).
Quem sabe outros natais, outros olhares,outras pessoas,outros amores, outros fatos, outros encontros, me façam entrar num clima de Boas festas que me encha de orgullho! Quem sabe..( ainda sonho).
Por enquanto, é mais fácil me fazer acreditar em Papai Noel ,do que me contagiar com o espírito do Natal.
De qualquer maneira, Feliz Natal ( apesar do desanimo, é desejo de coração).
Dos últimos três anos, carrego o cansaço de amar.Talvez eu tenha me perdido mais , por dentro e aos pouquinhos.... o que parece bem pior do que perde-se de uma vez..
Esse ano eu não vou pedir o mesmo grande amor de presente pro Papai Noel.Eu vou pedir de presente que esse grande amor nunca mais volte empoeirado como voltam as arvores de natal depois de serem guardadas o resto dos meses.
Houve um final de ano onde estávamos grudados e ao mesmo tempo compartilhando a nossa solidão , no outro eu estava que nem louca achando que podia esquecer , e nesse , bem, nesse eu quero na verdade , todas as coisas que tenham haver comigo.Sabe, " um grande amor por mim mesma".
Eu já estou fazendo aos céus aquelas perguntas repetidas desses últimos finais de ano.Será que em 2007 essa virgula se dissipa?Será que em 2007 para de doer ?Sera que no final de 2007 eu vou gargalhar depois de reler esse texto babaca e respirar aliviada chamando isso de passado?
Eu fui boazinha o ano todo.Ta bom, fui chata algumas vezes ( ninguém pode ser perfeito ).Mas fiz coisas legais pelas pessoas , eu plantei o bem, eu trabalhei, eu amei, e modestia parte o meu lado positivo vence todos os outros .Então eu espero ( ah, como espero!!!) que lá no pólo norte alguém possa me ouvir e me atender !
Se for verdade a máxima de que que todo cansaço merece recompensa, acho que chegou a minha vez! E se um grande amor não pode ter final feliz , que ao menos ele tenha algum final...sendo final, ja ta velendo, e muito.
"Uma imagem vale mais que mil palavras"?
Acho que ate aqui nem eu tinha me dado conta do quanto.
Os olhos ,a boca, o cabelo , a pele e tudo que eu tive( ou pensei ).
Uma imagem para encher de emoção incontrolável e saudade.Saudade dos olhos , da boca, do cabelo, da pele e do alem disso...saudade!!
O que mancha tudo é que mesmo tempo que eu via, eu não via mais nada.
O poder de uma imagem .O foco na indiferença como se ela me esperasse dizer adeus e partir como se eu jamais tivesse ali descansado meus olhar.
A Imagem ( os olhos, a boca , o cabelo, a pele ) , a mesma que provoca as minhas mais conhecidas e exageradas emoções,é a mesmo de quem na casca que me tira do eixo , era mais estranho e inalcançável do que nunca.
Eu queria ter guardado você na caixinha de lembranças pronto pra ser revisitado pra sempre.
Eu queria fazer você descer da sua torre e colocar nessa sua cabeça dura que amar poderia dar certo.Não do seu jeito, nem do meu, e sim de algum que pudéssemos ter buscado juntos, e encontrado.
Eu queria apagar todas as coisas tristes.Secar todas lagrimas, dormir todas as noites que fiquei te esperando.Dizer não a realidade que nos fez entrar em guerra ,e perder.
Eu queria te empurrar esse amor de centenas de dias e uma saudade imensa , sem que voce buscasse cura ou subterfúgio.
Eu queria ter brigado menos, ter chorado menos,ter permanecido mais quieta nas vezes que você me cortou a alma.E no meu canto ter aprendido a amar contido , sem cobrar.
Eu queria apagar todas as palavras que te fizeram morrer aos pedacinhos ou virar lasquinhas de magoas aqui dentro.Esquecer que você não sabe ferir sem agressividade, não sabe ouvir sem tirar conclusões erradas e que nessa longa jornada, sequer entendeu o principal.
Eu queria esquecer que você jamais soube de mim sem que eu lembrasse ,ou se importou comigo sem que eu estivesse correndo ao seu redor .Esquecer sobretudo que você conhece me conhece tanto e ao mesmo tempo absolutamente nada sobra a minha alma que te guardou precioso e quase sem fim.
Eu queria ter inventado a maneira de nunca deixa-lo partir ,ou a formula de nunca me deixar criar desculpas em sua direção.
Eu me queria de volta sem você, quando eu ainda nao tinha o meus momento mais feliz , nem o mais desolador.Eu queria voltar a ser o que esqueci faz tempo depois de voce.
Mas o que eu queria na verdade e descaradamente, era um futuro no sofá da nossa sala, sem passado triste e sem memória.
Eu acabei de me dar conta. 72 horas me separaram dele.
Eu que já esqueci uma vez, sei que não acontece por acaso.Agrava o fato de ser reincidente .E no amor isso pode ser fatal.
Parece coisa de bobo,contar tempo né? ( mas como evitar , quando se quer muito esquecer??).Ah... não sou a única boba do mundo a pensar na leveza que terá a vida depois de " vomitar " o que faz mal.
72 horas! Concentrada no universo ao meu redor.Planejando a virada do ano, planejando o carnaval , planejando a vida e sequer voltar a idéia renitente de que sem alguem nada tem graça.( que ilusão).
72 horas. E sabe, eu sai com uma turma ontem pra o mesmo lugar onde estivemos e ainda assim, nada trouxe aquela lembrança atormentada de casalzinho feliz que jamais existiu.
72 Horas! E começar a escrever sobre o mesmo tema de quase sempre, sem me encher de culpa, ou drogada dele e me detestando por isso.
72 horas.E aos pouquinhos voltam textos em tom de despedida, e lá vou eu dormir tranqüila abraçada nesse pedacinho de esperança feliz.
72 horas....E que venham todas as outras.
Tenho todas as palavras.
As que me pertencem, as que pertencem aos outros, as que pertecem a quem desejar,as que nunca serão de ninguém.
Recolho as palavras.Me puno pelas metáforas repetidas.Me privo da liberdade que encontro por entre as linhas, porque todas as palavras, sem exceção,ainda se arrastam buscando a mesma maldita inspiração.
Quero pensar.Pular alguns muros.Trilhar a saga de perguntas e hipóteses mergulhadas apenas no meu silencio atormentado.
As mudanças deixaram de pertencer exclusivamente ao campo das necessidades , para também ,a um tempo de quietude onde me escondo do excesso de palavras.Corro ao encontro do meu pedaço afundado na exaustão dos desejos, dos erros repetidos.
Volto em conta gotas.Ate conseguir gostar do que sinto, do que penso, do que me inspira, e consequentemente , do que escrevo.