É estranho ficar escutando a voz da razão e a necessidade que ela tem buzinando repetidamente ao nosso ouvindo o quanto em determinadas situações, deveriamos ter raiva ou ser completamente indiferente em relação a algumas pessoas.
Por mais que a gente saiba através desse lado racional que o danado(a) merece cada centímetro de limite, cada pedaço do nosso mal estar , incômodo , mágoa, vontade de manter toda distancia do mundo..
Por mais que a gente recorde cada agrura sofrida, cada vazio depois das guerras , cada "nunca mais " nunca cumprido na tentativa de tornar grande a menor valia desse ser , é complicado dizer a sí mesmo e manter palavras como: " não me permito a nada que venha de você" , " não me curvo a ponta alguma de carinho pela sua lembrança " " não me deixarei mover pelo que te faz voltar , um minuto sequer, um segundo sequer ".
Eu que já fui tão boa nisso e geralmente cultivei grande asco daquilo que um dia me tornou uma prisioneira de sentimentos, ferida e acuada , hoje me sinto diferente .Completamente diferente.
As dores passam e sinto que posso suportar a doçura de poucas lembranças, do pouco que as pessoas conseguiram se doar ou me oferecer sem que isso me arranhe ou me torne um depósito de confusões , recaídas ou algo maior do que o aqui e agora e o que nos resta de verdade pura.
Finalmente sinto em mim um lado maduro e cansado repleto de um lado infantil , generoso, capaz de perdoar o inacreditável e deslizar em aguas calmas.Capaz de conviver pacificamente com o que tem cara de nojo, de cruz, de tédio, de rancor, de dúvida.....mas que algo estranho aqui dentro, deu cara nova e sobretudo, sabor novo......gosto de paz.